"Não é mais tempo de homens partidos..."
(T S. ELIOT, in "Os homens ocos")
Não é mais tempo
de homens partidos
de homens fodidos
sem valor e esperança.
Não é mais tempo
de lamentar e negar
de livros de Jó
de igrejas e templos
abertos para a Alienação
e o infame Purgatório
dos que sonham viver
e ainda não viveram.
Não é mais tempo
de homens calados
de trevas angústias
de demônios diários
do Direito do Estado
castrando todas as vidas
sem escolhas e sem sorte
numa ilusão lotérica
de assalto a assalto
a cidades e futuros.
Não é mais tempo
de almas vendidas
no balcão de negócios
nas casas de câmbio
no bancos nas câmaras
assembléias e ruas
Palácios sem alvoradas
Planaltos de lama
e Brasílias vilipendiadas
nos Estados sem governo
Casas Brancas e Rosadas
todas de fachada
mentiras abertas
com a moeda mais vil
só Dinheiro abjeto.
Não é mais tempo
de Solidão
do homem morto
antes da morte
da inexistência
da Alegria
da multidão de assassinos
e suicidas trucidando
o coração da Vida.
Não é mais tempo
de Desamor
monstro apocalíptico
verdade abortada
nas mulheres e nos homens
de tristezas e desertos
doenças imaginárias
e estações da Miséria.
É tempo de luz
Da palavra mais humana
- sem Dinheiro Alienação Desamor.
É tempo de paz
nos corações nascidos
de vida eterna
nos corações sem vida
da mais pura Alegria
dos amores vividos
da Humanidade sem fim
da eternidade dos dias
Da verdade verdadeira
da criação da Poesia.
(Olinda, amanhecer do dia
9 / março / 2005)