sexta-feira, 16 de outubro de 2015

BRILHO INTERIOR





meus olhos já não vêem direito
traços
           pontilhados
                               linhas do rosto
da cidade
da rua aberta das retinas
os sons matizados
as luzes grafadas
alfabetos da pele
códigos sensoriais
e as vias-lácteas
de intimidades e distâncias


meus olhos doem
um sol uma lua dias noites
que habito e desconheço
como se a tua presença
não estivesse no meu mundo
e desabitasse a memória
do corpo e da existência    


o que vive em ti é o meu olhar    



(Recife, abril / 2006) 

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