segunda-feira, 11 de março de 2019

POSTER IDADE








PÓS-MODERNO 
PÓS-POP 
PÓS-PÓS
NÓS-PÓS ?! 
NÃO SOU PÓS  
PORRA NENHUMA ! 
SEREI PÓ... 
E ETERNO ! 





(Recife, junho 2008) 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

MARIAMA






A primeira vez 
em que ouvi o teu nome 
havia um pátio o Carmo 
o centro do Recife iluminado       
um palco meninos cantores bispos missa 
a voz luminosa de Milton Nascimento 
cantando a tua música 
o teu nome poema de Casaldáliga e Pedro Tierra 
e a invocação sagrada de Dom Helder 
      te chamando de Mãe de Deus e de todos os homens !    


A primeira vez 
em que ouvi o teu nome 
não me acompanhava a tua mãe  
(uma mulher anterior me seguia 
e era como se fosse a minha companheira). 
Mas em um dia feliz eu encontrei 
a tua mãe, que se fez minha companheira, 
e juntos identificamos 
o teu nome já revelado 
a nossa imagem e semelhança 
nascida para além do Recife e  Olinda, 
doce e completa pernambucanidade 
que o teu nome  revelava e traduz 
terrena e nordestina 
como o canto universal libertário 
do Quilombo dos Palmares ! 



(Casa Amarela /  Recife, 
junho de 2008)

terça-feira, 27 de novembro de 2018

EU TE SONHO. TU ME SONHAS ?






Quando te sonho 
Tu me sonhas também ? 
Entro no teu sonho 
Como tu entras no meu  
E sou tão real de repente vivo 
Me adensando na tua cama  
Como um animal que tu és  
Me possuindo e sendo minha ? 
Estás distante de mim  
Como eu nunca estive tão distante de ti 
E apareces carnal  
Como se o sonho transportasse 
E transformasse o meu corpo  
Em tuas mãos em tua dádiva  
E é assim que eu ilumino  
O teu sonho e desintegro 
O teu sono ? 
Eu me faço presente em tua vida  
Um bicho quente e sanguíneo 
Que tocas acaricias e te alimenta  
Assim como esse prazer concreto 
Que a tua imagem viaja dentro de mim 
Para além da noite e do sonho interminável ? 




(Casa Amarela, Recife, 2008) 

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

DO PRESENTE PARA O PASSADO





A vida era besta, Drummond, 
no mundo 
das pequenas cidades do interior. 
E hoje 
no universo das grandes cidades 
- via ruas populosas avenidas nervosas  
invenções urbanas desenfreadas  
VIA INTERNET  
tudo plugado e acessado      
o futuro nas mãos digitalizado, 
a vida, poeta, acredite: 
é muito mais besta ainda !    





(Recife, maio 2008) 

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

SEM AMANHÃ







Até amanhã, 
ela disse ao namorado, 
e a alegria do sorriso 
era o seu corpo inteiro.   
Quando amanheceu 
a notícia da sua morte 
era o que havia 
de mais triste 
e verdadeiro.   





(Casa Amarela, Recife / 
maio 2008) 







quarta-feira, 4 de julho de 2018

ILHA DE SANTO AMARO






Edifícios-fantasmas habitam 
o bairro de Santo Amaro
- um campo de pecados 
como um cemitério a céu aberto.   
Sem ar e luz  
as ruas largas se estreitam 
o horizonte se perde 
como se o Recife não tivesse 
um jeito de ser suburbano.  
E o bairro se torna mais ilha 
no arquipélago da cidade.   





(Santo Amaro, Recife / 
fevereiro 2008) 

sábado, 2 de junho de 2018

DIA GENTE






Os dias são de carne e osso. 
Figuras desagradáveis  
Vazias inexistentes 
Paisagem sem vida 
Ou uma pessoa tão  luminosa 
Que desfaz num gesto 
A doída desumanidade da semana. 



Quando a gente se ama
Uma noite apenas 
Vale todos os dias 
Do mês perdido 
E da agonia das horas 
Que move o calendário cotidiano.   



(Casa Amarela / Recife, 
janeiro 2008) 

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