Por que as pessoas
Sem morte ou qualquer tragédia
Somem da vida da gente
E sumimos das suas vidas
Igualmente ?
De repente
Perdem-se endereços
Silenciam-se telefones
Deletam-se e-meios
Transportes desaparecem
Ninguém veicula ou transporta
Sua virtual presença
E as comunicações enterram-se num fosso
Interminável e sem mais história.
As agendas apagam os dias
Os correios desprezam as horas
Cartas postais aerogramas telegramas
Se tornam pó sem o desenho de uma letra
Nem uma palavra se pronuncia
Na babel de lembranças e de nomes.
Nada mais existe
Entre as pessoas que só existiam
Antes e depois para elas mesmas
Que tinham a própria vida girando
Em torno da outra vida.
E nada mais existe
Que não seja solidão e esquecimento
Um mundo perdido e desorbitado
Um coração sem encontros e sobressaltos
Um desencontro sem despedida
Uma desilusão desmedida
(Olinda, maio 2005)